quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Palmela reivindica colocação urgente de médicos de família no concelho



A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião pública de 6 de setembro, uma moção que reivindica a colocação urgente de médico de família em falta, que garantam a prestação de cuidados de saúde em todas as Unidades do concelho.
Segue, abaixo, o texto integral da moção:

«O Município de Palmela, no âmbito do trabalho de articulação com o ACES Arrábida, tomou conhecimento que de um total de 63 283 utentes inscritos nas 11 Unidades de Saúde do concelho de Palmela, 9 487 (16,6%) não têm médico de família.
A situação é igualmente grave no conjunto dos três municípios do ACES Arrábida (Palmela, Setúbal e Sesimbra), onde estão em falta 32 médicos de família - dos 253 522 utentes, estão sem médico de família 55 753.
Assim, e por ordem decrescente, as Unidades de Saúde de Palmela - 10 de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e uma de Saúde Familiar (USF Santiago, Palmela) - apresentam a seguinte proporção de utentes sem médico de família:
            - UCSP do Bairro dos Marinheiros – 1.227 – (100%)   (Utentes inscritos:1.424);
            - UCSP de Olhos de Água – 277 – (100%)  (Utentes inscritos: 355);
            - UCSP de Brejos do Assa – 913 – (99,8%)   (Utentes inscritos:1.177);
            - UCSP Venda do Alcaide – 1.519 – (99,8%)   (Utentes inscritos: 1.749);
            - UCSP de Palmela – 143 - (68,1%)   (Utentes inscritos:593);
            - UCSP Pinhal Novo – Guerra Junqueiro – 3.260 – (60,9%)  (Utentes inscritos:7.082);
            - UCSP Poceirão – 675 - (27,3%)   (Utentes inscritos:2.845);
            - UCSP Quinta do Anjo- 1.423 (16,4%)   (Utentes inscritos:9.498)
            - UCSP Águas de Moura – 36 (1,1%)   (Utentes inscritos:3.561)
            - UCSP Pinhal Novo – Praça Ultramar- 14 (0,1%)  (Utentes inscritos:16.941)
            - USF Santiago Palmela – 1 – (0,0%)   (Utentes inscritos:18.058)

Entre as Unidades de Saúde cuja situação é mais grave estão: Brejos do Assa (com 8 horas semanais de consulta e um serviço de enfermagem prestado por uma profissional que se desloca à unidade) e Olhos de Água (onde a maioria dos utentes são idosos e as consultas decorrem apenas à segunda-feira, por um período de três horas, e os domicílios são efetuados por uma enfermeira da extensão de saúde de Pinhal Novo).
Esta elevada percentagem de utentes sem médico, num concelho de assimetrias entre os núcleos rurais e urbanos, com uma área de 465 quilómetros quadrados, servido por uma rede de transportes públicos deficitária, constitui uma preocupação constante da Câmara Municipal que se tem empenhado seriamente na qualificação dos equipamentos de saúde, de forma a ultrapassar um dos mais graves problemas do concelho, ao longo dos anos.
Disso são prova as cedências de terrenos pelo Município para a construção de novas Unidades de Saúde, sendo de assinalar a recente assinatura do Contrato-Programa relativo à construção da nova Unidade de Saúde de Pinhal Novo – Lado Sul, a 31 de maio de 2016, investimento no valor de um milhão e duzentos mil euros, projeto no qual a Câmara Municipal terá a responsabilidade de financiar todos os encargos decorrentes da sua execução, que não sejam da competência da ARSLVT, IP, nos termos do referido contrato.
Assim, considerando que, em abril, cerca de 300 médicos de família obtiveram a especialidade, sem que o Ministério da Saúde tenha promovido, até hoje, a sua contratação, a Câmara Municipal de Palmela, reunida a 6 de Setembro de 2017, na Biblioteca Municipal de Palmela, delibera:
- Exigir ao Ministério da Saúde a colocação urgente de médicos de família em falta, que garantam a prestação de cuidados de saúde em igualdade de circunstâncias em todas as Unidades de Saúde do Concelho, de forma a cumprir um dos direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa.»